Redução das desigualdades em saúde


UNIDADES MÓVEIS


Desde 1985, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) realiza periodicamente estudos de avaliação das necessidades não satisfeitas em planeamento familiar e saúde materna. Os resultados dos estudos mais recentes evidenciam que, apesar da significativa melhoria dos indicadores de saúde materno-infantil, de todos conhecida, persistem franjas da população que acumulam os piores indicadores e onde se encontram as taxas mais elevadas de gravidezes sem vigilância adequada e na adolescência, maior morbilidade e mortalidade perinatal, entre outros. Trata-se de populações pertencentes a grupos socio-económicos desfavorecidos, minorias étnicas, migrantes, habitantes, em geral, de bairros degradados na periferia das grandes cidades, com necessidades de saúde específicas e com baixa ou incorrecta utilização dos serviços disponíveis.

Considerando que a acessibilidade destes grupos populacionais é dificultada quer do ponto de vista cultural e social, quer pela organização dos Serviços de Saúde, e sabendo que o ir ao encontro da população facilita o relacionamento, a informação e uma melhor e mais equitativa utilização dos recursos, a DGS decidiu em 1995, com base em recomendações e experiência de peritos e organizações internacionais e nacionais, iniciar um Projecto de Intervenção Especial, utilizando Unidades Móveis (UM).

O Projecto iniciou actividades com 3 UM em bairros degradados da periferia de Lisboa e Porto, em 1995 e 1999 respectivamente. Em 2001, na sequência de um novo Projecto “Unidades Móveis para Apoio a Grupos Vulneráveis”, co-financiado pelo FEDER no âmbito do Saúde XXI, foi possível alargar a sua área de intervenção com a aquisição de mais 6 UM e estabelecer parcerias com outros Serviços e ONG.

OBJECTIVO
Contribuir para a:
• melhoria do nível de saúde de grupos vulneráveis, através da promoção de informação e do acesso facilitado aos serviços de saúde;
• inclusão social de grupos alvo, promovendo a redução das desigualdades em saúde.

POPULAÇÃO ALVO
Grupos/população que por condicionantes específicos (ex.: barreiras étnico-culturais, geográficas e bolsas de pobreza) constituem grupos vulneráveis com repercussões negativas ao nível da saúde.

Embora os problemas de saúde que mais beneficiem com esta intervenção estejam relacionados com a área da saúde da mulher e da criança, nomeadamente a gravidez na adolescência, a gravidez não desejada e/ou não vigiada, as Infecções de Transmissão Sexual (ITS) e crianças em risco, a possibilidade de actuar muito próximo e com as famílias proporciona outros importantes ganhos em saúde.

CONSTITUIÇÃO DAS EQUIPAS
Considerando as características das actividades a incrementar e das comunidades a atingir, as equipas das UM são constituídas por profissionais dos Centros de Saúde a que estão adstritas, com perfil para o trabalho comunitário, e outros cujas áreas de saberes não estão contempladas nos quadros de todos os Centros de Saúde, como psicólogos e técnicos de serviço social, capazes de gerar a necessária empatia que possibilita uma acção positiva, junto de uma população que se caracteriza por problemas de integração de variada ordem.
Estas equipas procuram actuar em sinergia e complementaridade com outras entidades e iniciativas locais.

Estas UM estão equipadas com material que permite:
• actividades de promoção da saúde, individuais ou a grupos;
• prestação directa de cuidados;
• apoio à visitação domiciliária.

“É preciso salientar, que a qualidade do trabalho dessas equipas levou a que o Projecto recebesse, em 1998, o prémio da OMS para projectos na comunidade e, em 2000, o prémio de excelência da União Europeia”.

As 9 UM estão afectas a diversos sub-projectos, sob a monitorização da DGS, desenvolvidos pelas seguintes entidades:

• ARS Norte
– Projecto Autoestima: pessoas que se prostituem (Matosinhos, Maia, Serra da Agrela, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia); projecto integrado na rede Europeia AIDS and Mobility – CNLCS / IDT;

• SRS Porto
– Projecto de Intervenção Especial: saúde materna e infantil, gravidez não desejada e/ou não vigiada, ITS e crianças em risco, em bairros degradados da periferia do Porto;

• SRS Lisboa
– Projecto Centro Móvel de Aconselhamento (HIV): sem abrigo, toxicodependentes, pessoas que se prostituem e imigrantes do distrito de Lisboa – CNLCS;
 - Projecto de Intervenção Especial (2 UM): saúde materna e infantil, gravidez não desejada e/ou não vigiada, ITS e crianças em risco, em bairros degradados da periferia de Lisboa;

• SRS Coimbra
– Projecto Saúde em Movimento: planeamento familiar e saúde materna e infantil, na população residente nos bairros Ingote, Rosa e Baixinha, em particular, crianças e mulheres, pessoas de etnia cigana e estudantes universitários;

• SRS Setúbal
– Projecto Saúde em Campo (Centro de Saúde da Moita): residentes em bairros sociais em situação de exclusão social, com particular atenção às crianças, mulheres e pessoas idosas ou com dependência, provenientes dos PALOP, e indivíduos de etnia cigana;
- Projecto Saúde sobre Rodas (Centro de Saúde do Seixal e Hospital Garcia de Orta): saúde materna e infantil, planeamento familiar, gravidez na adolescência, apoio à puérpera, ITS e crianças em risco, nos bairros mais carenciados do concelho; 

• APF (Delegação do Algarve)
- Projecto Planeamento Familiar em Bairros de Arrendamento Público: população em geral, adolescentes em particular, residentes no litoral e no interior algarvio, designadamente, residentes em bairros de arrendamento público e actualmente estudantes universitários.

 
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