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Vigilância da Gripe em Unidades de Cuidados Intensivos e Enfermarias na época 2019-2020 em Portugal

Vigilância da Gripe em Unidades de Cuidados Intensivos e Enfermarias na época 2019-2020 em Portugal

Na época 2019-2020 participaram na vigilância da gripe em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) 33 UCI pertencentes a 24 hospitais. Durante esta época foram reportados 120 casos de gripe. Verificou-se um aumento apreciável da proporção de casos de gripe admitidos em UCI entre as semanas 50 de 2019 e 04 de 2020, em que foi atingido o valor máximo (6,7%); a partir daí decresceu, com algumas flutuações, aproximando-se progressivamente da linha de base, onde se manteve a partir da semana 15.

Foi identificado o vírus influenza A em 82% dasamostras e o B em 18%, tendo sido subtipadas 25%.

Cerca de 60% dos dentes tinha 55 ou mais anos de idade; 84% tinha doença crónica subjacente ou fatores de risco, sendo a patologia cardiovascular a mais frequente (40%).

A proporção de vacinados contra a gripe sazonal foi de 25%. Verificou-se que 30% dos doentes que tinham recomendação para a vacina estavam, de facto, vacinados.

Foi prescrito oseltamivira 94% dos doentes e zanamivir a 2%; 64% necessitaram de ventilação mecânica invasiva e 9% teve suporte de oxigenação por membrana extracorporal (ECMO).

A taxa de letalidade foi estimada em 23%.

A pandemia por COVID-19 veio dificultar a vigilância da gripe, principalmente a partir do mês de março de 2020, quando alguns pontos focais deixaram de reportar, devido ao aumento de pressão sobre as UCI. No entanto, considera-se que o impacto dessa dificuldade terá sido minimizado pelo facto da atividade gripal, nessa altura, ser residual.

Este sistema de vigilância da gripe sazonal em UCI poderá ser aperfeiçoado nas próximas épocas, reduzindo a subnotificação e melhorando o preenchimento dos campos necessários ao estudo da doença.