A obesidade como doença crónica

î O Problema

• A Obesidade é um importante problema de Saúde Pública e uma doença crónica, com génese multifactorial, que requer esforços continuados para ser controlada, constituindo uma ameaça para a saúde e um importante factor de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças. 

• Os benefícios na saúde das pessoas obesas, conseguidos através da perda intencional de peso, principalmente se mantida a longo prazo, podem manifestar-se na saúde em geral, na melhoria da qualidade de vida, na redução da mortalidade e na melhoria das doenças crónicas associadas, com destaque para a diabetes tipo 2.

• Na população Portuguesa adulta, diversos estudos indicam uma prevalência do excesso de peso e da obesidade na ordem dos 40%, sendo mais elevada nas pessoas com mais de 55 anos e nas de escolaridade e classe social mais baixas;

• Num estudo realizado pelo Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra e coordenado pela Professora Doutora Cristina Padez, em 2001, numa amostra de 4511 crianças dos 7-9 anos de idade, foram encontrados valores de 31,56% de prevalência da obesidade na infância.

• A obesidade está ligada a uma grande mortalidade e morbilidade, sendo que as complicações associadas podem ser responsáveis por 5 a 10% dos custos de saúde;  

• Os padrões e níveis de actividade física nacionais, indicam uma população eminentemente sedentária, nomeadamente as mulheres e os mais velhos, os de menor escolaridade e de classe social mais baixa;

• Entre os principais factores de risco individuais, a combater, destacam-se, além do sedentarismo, a alimentação inadequada, que obrigam a uma especial atenção à sua efectiva prevenção, detecção e correcção, não apenas no que diz respeito às acções que evitam a perda da saúde mas, também, todos os cuidados que promovem a sua recuperação;

• Os objectivos terapêuticos a atingir nas pessoas com obesidade, obrigam à adopção de medidas integradas e complementares, nomeadamente no âmbito da redução do excesso de peso e da obesidade, da prevenção e tratamento das morbilidades associadas e redução da mortalidade e na prevenção primária dos familiares;

î Necessidades de Informação

• Cabe aos serviços de saúde e a todos os agentes informativos e educativos da população, esclarecê-la da forma como pode escolher, adaptar e assumir as opções mais saudáveis e desejáveis dentro do estilo de vida próprio de cada pessoa, numa perspectiva de melhoria contínua de qualidade e do controlo dos riscos associados ao excesso de peso e à obesidade;
 
 
• São muito importantes as acções de sensibilização para este problema, da população em geral, através de estratégias de mobilização da sociedade para a promoção e preservação da saúde, através da educação, informação e formação, incentivando uma dinâmica que conduza a novas atitudes e à diminuição dos obstáculos, para as práticas quotidianas correctas de vida saudável, dirigida a todos os grupos etários e profissionais, fazendo recurso, nomeadamente, dos meios de comunicação social nacionais, regionais e locais, dos líderes de opinião, dos educadores, dos artistas e animadores, das sociedades científicas e associações profissionais e, muito em especial, das associações de doentes, como a Associação de Obesos e Ex-Obesos de Portugal - ADEXO.

î Estratégias de Intervenção

• Nesse sentido, foi aprovado, por Sua Excelência o Ministro da Saúde, o Programa Nacional de Intervenção Integrada sobre Determinantes da Saúde Relaccionados com os Estilos de Vida, consignado no Despacho nº. 1916/2004 e publicado no Diário da República nº. 23, de 28 de Janeiro.

• A Direcção-Geral da Saúde - DGS, consciente da gravidade do problema de saúde pública que a obesidade representa, constituiu em 2003 um Grupo de Peritos para a elaboração do Programa Nacional de Combate à Obesidade, coordenado cientificamente pelo Professor Doutor Galvão-Teles e incluindo representantes da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, Sociedade Portuguesa de Diabetologia, Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, prevendo-se a conclusão dos seus trabalhos no final do corrente mês de Maio;

• A DGS considerou, também através da Circular Informativa nº.09/DGCG, de 25/03/04,a Obesidade como Doença Crónica, que pode atingir homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades e requer estratégias de longa duração para a sua prevenção e gestão efectivas;

• Foram igualmente definidos e propostos, no corrente ano, no âmbito da Direcção-Geral da Saúde, os critérios considerados pertinentes, relativamente aos doentes a serem admitidos para cirurgia da Obesidade (Programa Especial de Combate às Listas de Espera Cirúrgicas – PECLEC);

• O combate à obesidade justifica uma actuação planeada e organizada, ao longo de todo o sistema de saúde, pelo que está igualmente inscrita, como especial preocupação, no Plano Nacional de Saúde 2004-2010;

• Sua Excelência o Ministro da Saúde, pelo Despacho nº. 10 237 (2ª. Série), de 4 de Maio, (DR, nº. 122, II Série, de 25 de Maio de 2004), instituiu, no seguimento de proposta da ADEXO e com a colaboração da DGS, o penúltimo sábado do mês de Maio de cada ano, como o Dia Nacional de Combate à Obesidade.