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Literacia em saúde: uma mudança cultural que se faz com as pessoas
A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que é
necessário dar ferramentas às pessoas para que o movimento da literacia e
promoção da saúde seja natural nas suas vidas. Temos de lhes facilitar a vida,
ter ambientes promotores em saúde e a melhor e mais atual informação possível,
para que em cada momento a enriqueçam e façam as opções certas”. Durante o
evento “Preparar o Futuro: Literacia em Saúde e Ciência do Comportamento, considera
que é necessária uma verdadeira mudança cultural e que as mudanças levam muito
tempo.”
As mudanças têm de ser feitas “com as pessoas e não para as
pessoas”, acrescentou, lembrando que a pandemia nos ensinou que “temos de
trabalhar com conhecimento atual, mesmo que imperfeito, e com parcerias”.
Na mesa moderada por Andreia Silva da Costa e Luís Castro,
Kristine Sorensen, Presidente da Associação Internacional de Literacia em
Saúde, reforçou a criação de pontes: “Os decisores políticos ao mais alto nível,
a sociedade, academia, pessoas do setor privado” são parceiros essenciais. E
destacou o exemplo de Portugal, que está entre os líderes na Europa por abordar
a literacia em saúde do ponto de vista do sistema”.
Tal como Kristine Sorensen, Anastasia Koylyu, da OMS Europa,
destacou o papel de Portugal, pelo seu contributo na avaliação dos níveis de
literacia. “Estamos a avaliar o projeto dos microinfluenciadores no contexto
COVID-19 e a experiência portuguesa contribuiu muito para o desenvolvimento do
guia de avaliação da OMS para estas intervenções nos países”.
Relativamente à análise da situação portuguesa, Miguel Telo
de Arriaga, Chefe de Divisão de Literacia, Saúde e Bem-Estar da DGS, recordou
que quando o trabalho foi iniciado, o nível de literacia da população portuguesa era baixo:
5 em cada dez pessoas tinham baixos níveis de literacia em saúde. Na avaliação
de 2019, 7 em cada dez já tinham um nível suficiente ou excelente de literacia
em saúde.
Se a “literacia em navegação no sistema de saúde é o nosso
pior resultado, o que mostra que temos de transformar a procura de cuidados em
algo mais entendível, autónomo e rápido, na vacinação tivemos o mais elevado
resultado da Europa. Estes resultados revelaram ser positivos ao longo da
pandemia, devido à forma como o cidadão vê e tem conhecimento sobre a
vacinação. Este histórico do Programa Nacional de Vacinação deu frutos.”
Durante a sessão, abordaram-se ainda as linhas de ação
para o futuro, como a criação do Observatório para a Literacia em Saúde, em
parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública, a avaliação da perceção de
risco, a mobilização social e a criação de uma plataforma de boas práticas.
Sónia Dias, da Escola Nacional de Saúde Pública, destacou
que o Observatório é “um instrumento estratégico para o desenvolvimento de
políticas de saúde nesta área”, esperando que se torne num ponto de referência
na transferência de conhecimento relevante para a promoção da literacia em
saúde da população.
Antes da sessão de encerramento, com Benvinda Santos e Miguel
Telo de Arriaga, Jorge Oliveira, da Universidade Lusófona, analisou o papel das
novas tecnologias, em particular a comunicação remota, as clouds, a
inteligência artificial ou as tecnologias imersivas, com maior aplicação na
área da saúde.
Assista à sessão aqui: