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Novos casos de infeção por VIH mantêm tendência decrescente desde 2000

Novos casos de infeção por VIH mantêm tendência decrescente desde 2000

O número de novos casos de infeção por VIH manteve a tendência decrescente em 2023, um padrão que se verifica desde o ano 2000. De acordo com o Relatório Infeção por VIH em Portugal – 2024, que será hoje apresentado pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, foram notificados 924 novos casos de infeção por VIH com diagnóstico em 2023, tendo o diagnóstico ocorrido em Portugal em 876 casos.

O relatório sobre a evolução da infeção em Portugal, que é apresentado na semana em que se assinala o Dia Mundial da SIDA, revela uma redução de 36% no número de novos casos de infeção por VIH e de 66% nos novos casos de SIDA, entre 2014 e 2023. Em 58% dos novos casos de 2023 o diagnóstico foi tardio (com CD4<350 células/mm3), valor que aumenta para 70% nas pessoas com idade igual ou superior a 50 anos.

A maioria dos novos casos de infeção por VIH registou-se em homens (2,6 casos por cada caso em mulheres) e em 32% dos novos casos as pessoas tinham idades inferiores a 30 anos. Foram diagnosticados três casos em idades <15 anos. A taxa de novos diagnósticos de VIH foi mais elevada nos residentes na Área Metropolitana de Lisboa, seguida da região Norte. A maioria dos novos diagnósticos ocorreu em pessoas nascidas fora de Portugal (53%), no entanto, 71% dos casos referiam ter adquirido a infeção neste em Portugal.

A transmissão por via sexual foi referida em 96% dos casos. Embora a transmissão heterossexual se mantenha como a mais frequente (54%), os novos diagnósticos em homens que têm sexo com homens (HSH) representaram 62% dos casos identificados no sexo masculino.  

Em 2023, 37% dos novos diagnósticos ocorreram em contexto hospitalar, 27% tiveram origem nos Cuidados de Saúde Primários e 20% resultaram da atividade de estruturas da comunidade. Foram ligados às consultas especializadas, no prazo de um mês, 75% das pessoas com novo diagnóstico de infeção por VIH. O Relatório revela, também, que foram comunicados 111 óbitos em pessoas que viviam com VIH ocorridos em 2023, contudo, em 40,5% destes o diagnóstico tinha ocorrido há mais de 20 anos.

Ao longo destas quatro décadas, foram notificados 68 627 casos de infeção, dos quais 23 955 atingiram o estádio SIDA e foram reportados 15 918 óbitos em pessoas que viviam com VIH. No final de 2022, estimou-se que viveriam em Portugal 46 764 pessoas com infeção por VIH, 95,0% das quais já conheciam o seu diagnóstico.

No ano passado, registaram-se aumentos expressivos tanto no número de preservativos distribuídos (cerca de 7 milhões), como de testes para VIH efetuados no país - cerca de 89 mil através de testes rápidos e mais de 390 mil em testes laboratoriais com prescrição do Serviço Nacional de Saúde. O número de pessoas que usaram Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), ascendeu a 6 900 pessoas a receberam-na pelo menos uma vez no ano, 2 386 das quais pela primeira vez na vida. Estes números correspondem ao contexto hospitalar, contudo, desde o início do terceiro trimestre do corrente ano já existe também dispensa de PrEP nas farmácias comunitárias, sob prescrição médica.  

O relatório disponibiliza, pela primeira vez, dados sobre a Profilaxia Pós-Exposição ao VIH (PPE), com cerca de 2 000 pessoas a recorrer a essa estratégia de prevenção, dos quais 60% eram do sexo masculino e 1% com idades inferiores a 18 anos. 

O estigma e a discriminação continuam a estar presentes na vida das pessoas que vivem com o VIH, mesmo no contexto da prestação de cuidados de saúde. Dados de um estudo realizado a nível europeu revelaram que cerca de 31% dos profissionais dos serviços de saúde, inquiridos em Portugal, apresentavam alguma forma de estigma, motivado pela falta de formação específica e de experiência prática com pessoas que vivem com VIH.

Consulte aqui o Relatório: