Histórico de Destaques
Relatório da DGS: 433 casos de mutilação genital feminina registados em Portugal entre 2018 e 2021
Entre
janeiro de 2018 e dezembro de 2021 foram registados 433 casos de mutilação
genital feminina (MGF) em Portugal, dos quais 426 considerados válidos, revela
o mais recente relatório da Divisão de Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e
Juvenil da Direção-Geral da Saúde, divulgado no Dia Internacional para a
Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Maioritariamente,
o registo de casos foi feito no âmbito da vigilância da gravidez (43,4%). As
unidades da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo registaram a quase
totalidade dos casos reportados.
O
relatório agora divulgado refere que, em média, a realização da mutilação
ocorreu aos 8,4 anos de idade, maioritariamente na Guiné-Bissau (272) e Guiné
Conacri (126), com um aumento gradual dos registos de mutilações praticadas no
Senegal. O único caso de MGF ocorrida em território português durante este
período foi registado em 2021.
Desde
2014, foram registados um total de 668 casos de MGF em Portugal. Em 2018 foram
registados 63 casos, 126 em 2019, 99 em 2020 e 138 em 2021. Cerca de 75% dos
casos a mutilação ocorreu até aos 9 anos de idade, tendência que se mantém
relativamente aos anos anteriores.
Quanto
às consequências resultantes da MGF, entre 2018 e 2021 foram registadas
complicações em 196 mulheres, entre as quais: 120 relativas à resposta sexual,
120 a complicações do foro psicológico, 113 com consequências obstétricas e 87
com sequelas uro-ginecológicas.
A
monitorização dos casos de MGF é feita através da plataforma Registo de Saúde
Eletrónico - Portal do Profissional (RSE-AP). Este registo inclui um item sobre
“Enquadramento legal”, com o objetivo de saber se a mulher foi informada sobre
a legalidade da prática de MGF em Portugal. Nos 426 casos houve esclarecimento
em 83,8% (357). Com a recolha desta informação pretende-se dar a conhecer à
mulher os seus próprios direitos, numa perspetiva educativa e preventiva,
considerando que a mulher informada poderá prevenir na comunidade as
implicações nefastas desta prática.
Até 2030, a Direção-Geral da
Saúde pretende aprofundar o
conhecimento sobre o fenómeno da MGF em Portugal, melhorando a qualidade dos
registos. Promover estratégias eficazes de combate e erradicação da MGF e
aprofundar o conhecimento sobre os contextos socioculturais que permitem a
prática e a sua replicação, são outros dos objetivos.
Segundo
a UNICEF, pelo menos 200 milhões de adolescentes e mulheres vivas hoje foram
submetidas a mutilação genital feminina, em 30 países diferentes. A MGF é uma
questão de Direitos Humanos e um problema de saúde que urge prevenir e
erradicar.
Consulte
o relatório aqui.