Ar Interior

Principais Poluentes


As mais importantes fontes de poluição do ar interior incluem, para além do ar exterior, o organismo humano, a sobreocupação dos locais, os animais domésticos, o deficiente funcionamento dos sistemas de ventilação, o fumo de tabaco, a emissão de fibras a partir de materiais de construção (ex: amianto https://www.dgs.pt/saude-a-a-z.aspx?v=%3d%3dBAAAAB%2bLCAAAAAAABABLszU0AwArk10aBAAAAA%3d%3d#saude-de-a-a-z/amianto), lã de rocha, lã de vidro), o mobiliário, os plásticos e produtos sintéticos (ex: tintas e vernizes), a presença de alcatifas, cortinados, fotocopiadoras, impressoras e computadores. Compostos orgânicos voláteis (COV), tais como o formaldeído, contribuem, também, para a contaminação do ar interior, podendo ser libertados, por exemplo, durante a utilização e armazenamento de produtos de limpeza.

A ausência de controlo da radioatividade na origem das matérias-primas pode ocasionar a utilização de materiais de construção ricos em isótopos radioativos, podendo aumentar a exposição dos ocupantes ao gás radão (https://apambiente.pt/prevencao-e-gestao-de-riscos/radao).

A ventilação é um fator muito importante, sendo considerada inadequada quando ocorre uma insuficiente entrada e distribuição de ar do exterior para o interior. No caso de não haver renovação do ar dentro do edifício, ocorrem situações de estagnação e contaminação do ar. A falta de manutenção dos filtros e de limpeza dos sistemas de ventilação (climatização) poderá favorecer a acumulação de poeiras, que irão provocar a contaminação do ar interior.

No caso de existirem torres de arrefecimento posicionadas junto às entradas de ar dos sistemas de climatização e se houver libertação de aerossóis contaminados que entrem nestes sistemas, pode dar a contaminação por bactéria do género Legionella (https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/legionella.aspx.)

Em 2010, a Organização Mundial da Saúde https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/household-air-pollution-and-health publicou o documento WHO guidelines for indoor air quality: selected pollutants https://www.who.int/publications/i/item/9789289002134, que apresenta as diretrizes para a proteção da saúde pública de riscos potenciados por alguns produtos químicos que podem estar presentes no ar interior. O principal objetivo destas diretrizes é fornecer apoio para a proteção da saúde pública relativamente aos efeitos adversos da exposição à poluição do ar interior, e eliminar ou reduzir ao mínimo a exposição a poluentes perigosos ou suscetíveis de serem perigosos.

Esta publicação seguiu-se à publicação de 2009, WHO guidelines for indoor air quality: dampness and mould (https://www.who.int/publications/i/item/9789289041683). Neste documento consta que, a poluição microbiana é um elemento-chave da poluição do ar interior, sendo causada por centenas de espécies de bactérias e fungos, em particular fungos filamentosos (bolor), que surgem dentro de casa quando há humidade disponível. 

O quadro abaixo resume os poluentes do ar interior que estão abrangidos pela legislação portuguesa e exemplos das respetivas fontes de emissão (adaptado de InVS - Institute de Veille Sanitaire https://www.sante.fr/la-qualite-de-lair-interieur), assim como os seus efeitos na saúde humana (WHO guidelines for indoor air quality: selected pollutants (https://www.who.int/publications/i/item/9789289002134) e WHO guidelines for indoor air quality: dampness and mould (https://www.who.int/publications/i/item/9789289041683).


Poluentes, Efeitos e Fontes de Emissão


Poluente

Efeitos

Exemplos de fontes de emissão

Bactérias

Alergias (rinite, asma)

Infeções (pneumonias, tuberculose, Doença do Legionário)

Redes de saneamento/esgotos

Sistemas de tratamento de ar

Descamação cutânea, tosse e espirros

Transporte através da roupa

Transporte por animais domésticos

Utilizadores do espaço com doenças transmissíveis

Fungos

Alergias (rinite, asma)

Tosse

Tonturas

Febre

Falta de ar

Problemas digestivos

Solos, vegetação e substratos orgânicos húmidos que entram pelas aberturas ou pelos sistemas de ventilação ou de tratamento de ar, plantas de interior

Fachadas e paredes

Produtos de construção e de decoração

Mobiliário sujo ou estragado pela água

Locais húmidos, mal ventilados e sombrios

Cabelos, sapatos e roupas

Benzeno

(C6H6)

Dores de cabeça, tonturas

Fadiga, sonolência

Irritação dos olhos

Efeito carcinogénico

Carburantes

Tabaco

Produtos de bricolagem

Mobiliário e produtos de construção e de decoração

 

 

 

 

 

 

Formaldeído

(CH2O)

 

 

 

Irritação dos olhos, nariz e garganta

Pieira e tosse

Fadiga, dores de cabeça

Erupção cutânea

Vómitos

 

 

Painéis em aglomerados de madeira

Pinturas à base de solventes e outros produtos contendo compostos à base de formaldeído

Livros e revistas novas

Produtos de uso corrente (cosméticos, produtos de higiene corporal, produtos de limpeza, produtos de tratamento de mobiliário)

Fotocopiadoras/impressoras

Tabaco

Monóxido de Carbono (CO)

Concentrações baixas: fadiga.

Concentrações elevadas: visão e coordenação debilitadas, dores de cabeça, tonturas, náuseas

Poluição urbana, em particular tráfego automóvel

Aquecedores e caldeiras

Tabaco

Partículas (PM)

Diminuição da função respiratória e aumento do risco de doenças cardíacas e pulmonares

Irritação dos olhos, nariz e garganta

Cancro do pulmão

Proximidade a um local em obras ou estaleiro

Poluição urbana, em particular tráfego automóvel

Ar exterior poluído

Aterros sanitários, subsolo, condutas de ar degradadas, filtros de AVAC

Combustão de madeira, carvão ou gasóleo

Giz, tabaco, limpezas

Radão

(Rn)

Cancro do pulmão

Solo

Materiais de construção

Desgaseificação da água