Hepatite A
Hepatite A
Últimas atualizações - surto em Portugal 2024
A Direção-Geral da Saúde (DGS) informa que, de acordo com os dados de vigilância epidemiológica e laboratorial disponíveis no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), entre 1 de janeiro e 1 de julho de 2024, foram notificados 115 casos confirmados de hepatite A.
A maioria dos casos são do sexo masculino, com idade entre 20-49 anos, 40,9% em contexto de transmissão sexual, sem casos graves ou mortais reportados. Do total de casos confirmados, 83 casos (72,2%) casos ocorreram em LVT, 16 (13,9%) no Norte, 8 no Algarve, 5 no Centro, 2 no Alentejo e 1 na Região Autónoma dos Açores
A última informação publicada está disponível aqui.
Informações Gerais
- A hepatite A é uma infeção aguda, causada por um vírus ARN, membro do género Hepatovírus, da família dos Picornaviridae, designado por vírus da hepatite A (VHA) que, agora, à semelhança do que acontece em outros países europeus, exibe expressão epidémica relacionada com os seguintes comportamentos em cidadãos vulneráveis e, em particular, quando um dos parceiros está infetado:
- Sexo anal (com ou sem preservativo);
- Sexo oro-anal.
- O principal modo de transmissão é por via fecal-oral através da ingestão de alimentos ou água contaminados (pode ocorrer em pessoas que viajam para zonas endémicas), ou por contacto próximo interpessoal com pessoas infetadas;
- Embora a intensidade da epidemia atual, bem como a história natural da doença não sejam inteiramente conhecidas, a infeção por VHA pode ser assintomática, subclínica ou provocar um quadro agudo, quase sempre autolimitado, associado a febre, mal-estar, icterícia (pele e olhos amarelados), (urina escura, fraqueza, perda de apetite, náuseas, vómitos e dor abdominal;
- Uma pessoa assintomática ou com poucos sintomas também pode transmitir o vírus;
- A frequência e gravidade de sinais e sintomas depende, em regra, da idade do doente. A infeção só é sintomática em 30% dos casos com idade inferior a 6 anos. Em crianças mais velhas e nos adultos, a infeção provoca, em regra, doença clínica (hepatite aguda) em mais de 70% dos casos.
Epidemiologia
A doença é endémica em alguns países de África, Ásia, América Central e do Sul assim como em alguns países da Europa de Leste, em locais onde as estruturas de saneamento básico e de água potável são inadequadas.
A ocorrência de surtos na Europa tem sido reportada, com o último a ocorrer em 2017/2018. Na UE/EEE, em 2022, a taxa de notificação foi de 1 caso por 100 000 habitantes. Vinte países da UE/EEE tiveram taxas de notificação inferiores a 1 caso por 100 000 habitantes. Os países com as taxas de notificação mais elevadas foram Hungria (5,5), Croácia (5,3), Roménia (4,8) e Bulgária (4,4).
Documentos DGS
- Norma nº 019/2018 de 12/12/2018
- Informação – Hepatite A: vacinação de viajantes
- Informação – Situação Epidemiológica de Hepatite A de 23 de março de 2024
- Norma 016/2017 de 14 de agosto
- Comunicado do Diretor-Geral da Saúde de 17 de maio de 2017
- Norma 003/2017 de 9 de abril
Recomendações para população em geral
Medidas de prevenção da transmissão fecal-oral da hepatite A:
- Reforçar a higiene e segurança alimentar, incluindo a lavagem das mãos antes e e depois das refeições
- Reforçar a lavagem frequente das mãos e higiene pessoal, especialmente da região genital e perianal, particularmente, antes e após o uso de instalações sanitárias e antes e após a relação sexual.
Caso apresente fatores de maior risco para a Hepatite A, aconselhe-se com um profissional de saúde.
Recomendações para Viajantes
No âmbito do surto de Hepatite A, recomenda-se aos viajantes o agendamento da consulta de medicina do viajante de preferência 4 a 6 semanas antes da data de partida. Para quem tem como destino à América Latina, África e Ásia, recomenda-se a vacinação e o reforço das seguintes medidas preventivas:
Alimentos:
- Lavar bem as mãos antes e depois de manusear alimentos (confeção e ingestão);
- caso não existam lavatórios deverão utilizar soluções alcoólicas, gel ou toalhetes desinfetantes;
- ter o mesmo cuidado com os utensílios utilizados na preparação: talheres, pratos, tábuas de cozinha, bancadas, etc.;
- evitar consumir alimentos crus (ex. mariscos e saladas);
- lavar bem e descascar a fruta antes de a comer, evitando as saladas de fruta, bem como frutos cujo exterior não esteja intacto;
- evitar alimentos adquiridos a vendedores ambulantes. Caso o faça, escolha preferencialmente alimentos cozinhados a altas temperaturas e consumidos ainda quando quentes;
- escolher locais com boas condições de higiene e em que os produtos facilmente alteráveis pelo calor (ex. bolos, molhos, guisados, produtos à base de leite e de ovos, mariscos, entre outros) se apresentem bem conservados em câmaras ou montras frigoríficas;
- manter os alimentos a temperaturas seguras, acondicionados e refrigerados adequadamente;
- respeitar os prazos de validade dos produtos e acondicionar corretamente os alimentos;
- usar água tratada/engarrafada para lavar e confecionar alimentos.
Água e outras bebidas:
- beber água engarrafada (verificar se o selo está intacto);
- na impossibilidade de obter água engarrafada, consumi-la tratada:
- ferver a água durante 5 minutos, manter o recipiente tapado, utilizar nas 24h seguintes;
- desinfeção química da água: 2 gotas de lixívia por litro de água, mexer bem, aguardar durante 30 minutos e utilizar nas 24h seguintes.
- a água engarrafada deve ser descapsulada somente no momento em que é servida;
- utilizar água engarrafada ou fervida para confecionar sumos, gelo e ainda para a escovagem dos dentes;
- as bebidas engarrafadas ou empacotadas, desde que seladas, e as bebidas quentes (chá e café) são em geral seguras;
- consumir apenas produtos lácteos pasteurizados (incluindo os gelados);
- evite os sumos de fruta natural.
Para mais informações acerca das medidas de proteção a tomar em contexto de viagem, consulte a área dedicada às viagens.
Recomendações para contexto de transmissão sexual
Em contexto de transmissão sexual, deve ser reforçada a higiene pessoal da região genital e perianal antes e após as relações sexuais, bem como utilizar preservativo no sexo anal, que tem o benefício adicional de oferecer proteção contra outras infeções sexualmente transmissíveis.
Está recomendada a vacinação contra a hepatite em contexto de pós-exposição para os contactos de casos confirmados de hepatite A (coabitantes e contactos sexuais), que devem ser vacinados até 2 semanas após a última exposição.
A vacinação preventiva é aconselhada a quem tenha práticas sexuais em grupo e/ou anónimas, ou pessoas que vivem com VIH (PVVIH). O esquema completo de vacinação contempla duas doses da vacina, com 6 a 12 meses de intervalo, sendo eficaz em mais de 95% dos casos.
A vacina contra a hepatite A está atualmente disponível, mediante prescrição médica, em farmácias comunitárias.
Informação acerca de eventos anteriores
Surto em Portugal em 2017 – 2018
Em fevereiro de 2017 foi identificado um surto de hepatite A em Portugal. Este surge no contexto de um surto a decorrer na Europa, com início em fevereiro de 2016, com três clusters identificados. A quase totalidade dos casos foi identificada em HSH, durante o contacto sexual, por transmissão fecal-oral. Informação sobre o surto foi divulgada na altura - Boletim epidemiológico a 2 de abril de 2018.