Monkeypox | Perguntas Frequentes
O que é a infeção por vírus Monkeypox (VMPX)?
A infeção por vírus Monkeypox é uma doença zoonótica,
o que significa que se pode transmitir de animais para humanos. Também se pode
transmitir entre pessoas.
O termo “varíola dos macacos” não se refere à infeção
humana mas sim à infeção nos animais. De referir que não se trata de varíola,
doença humana que foi erradicada em 1980.
Por que se diz que é uma zoonose?
É uma zoonose porque aquando da descoberta do vírus
Monkeypox (1958) foram identificados vários mamíferos (roedores e macacos) como
reservatórios do vírus, animais atualmente presentes em alguns países da África
Ocidental e Central. A transmissão do VMPX dos animais para as pessoas pode
ocorrer através de mordidas ou arranhões ou por contato direto com a carne ou
fluidos do animal.
Quais são os sinais e sintomas da infeção humana por
vírus Monkeypox?
A infeção humana por vírus Monkeypox apresentam-se, de
início súbito com o aparecimento de pelo menos um dos seguintes sinais e
sintomas:
·
Exantema (lesões
na pele ou mucosas)
·
Queixas
ano-genitais (incluindo úlceras)
·
Febre (>38,0ºC)
·
Dores de cabeça
·
Cansaço
·
Dores musculares
·
Gânglios
linfáticos aumentados, poucos dias antes da erupção de lesões que atingem pele
e mucosas ou em simultâneo
As lesões na pele ou mucosas começam por ser manchas
planas (máculas), depois com relevo (pápulas), tornam-se vesículas com conteúdo
líquido claro ou amarelado, pústulas geralmente umbilicadas e, finalmente,
formam-se úlceras e crostas que mais tarde secam e acabam por cair.
Onde aparecem habitualmente as lesões cutâneas?
As lesões cutâneas podem ser localizadas numa
determinada região do corpo ou generalizadas, atingindo habitualmente a face e
boca, membros superiores e inferiores ou região ano-genital. O número de lesões
numa pessoa pode variar e podem mesmo atingir as palmas das mãos e plantas dos
pés.
Quando aparecem os sinais e sintomas?
Se uma pessoa estiver infetada, os sintomas ou sinais
da doença podem aparecer entre 5 e 21 dias após exposição ao vírus.
Quanto tempo podem durar os sinais e sintomas?
Estes sinais e sintomas, geralmente, duram entre duas
a quatro semanas e desaparecem por si só, sem tratamento.
Como é feito o diagnóstico da doença?
·
Avaliação
clínica por um médico para identificação de sinais e sintomas que não são
explicados por outras causas. Essa avaliação clínica identificará sinais e
sintomas sugestivos da infeção, com eventual história de exposição a um caso
provável ou confirmado de VPMX ou ainda no contexto de história de relações
sexuais com múltiplos/as parceiros/as, ou em anonimato, nos 21 dias que
antecederam o início de sintomas.
·
Análises
clínicas para pesquisa do VMPX por PCR em amostras específicas para confirmação
laboratorial.
O que fazer na situação de contacto físico próximo com
uma pessoa com infeção VMPX?
Após a exposição a uma pessoa com infeção, e na
AUSÊNCIA de sinais ou sintomas deve-se, durante 21 dias:
·
Estar atento ao
surgimento de qualquer sintoma geral ou lesão cutânea ou mucosa;
·
Evitar o
contacto físico próximo, incluindo relações sexuais (durante 21 dias);
·
Lavar as mãos
com mais frequência e reforce medidas gerais de higiene;
·
Avaliar a
temperatura corporal duas vezes por dia.
Na PRESENÇA de qualquer sinal ou sintoma, deve-se:
·
ligar para o SNS 24 (808 24 24 24) ou
·
procurar os
cuidados de saúde mais próximos que lhe permitam, de forma atempada, ter uma
avaliação clínica e orientação para realização e análises laboratoriais
·
informar
os profissionais de saúde da eventualidade de contacto físico próximo com
uma pessoa infetada ou com suspeita de infeção
Como é que o vírus Monkeypox se transmite?
O vírus pode ser transmitido através de contacto
físico próximo entre pessoas.
As lesões da pele e mucosas, o seu conteúdo líquido ou
purulento e as crostas são particularmente infeciosas. Os outros fluidos
corporais como secreções genitais e anais poderão conter vírus que poderão ser
transmitidos.
O contacto com vestuário pessoal, roupas de cama,
atoalhados, objetos como talheres, pratos ou outros utensílios de uso pessoal
contaminados também podem transmitir o vírus.
A infeção humana por vírus Monkeypox é uma infeção
sexualmente transmissível?
A infeção humana por VMPX pode ser transmitida de uma
pessoa para outra através de contacto físico próximo, incluindo contacto
sexual. Atualmente não se sabe se o VMPX pode ser transmitido através de sémen
ou fluidos vaginais, mas o contacto direto, pele com pele, com lesões em
práticas sexuais pode transmiti-lo.
O vírus pode ser transmitido através de animais de
estimação?
Embora os mamíferos, especialmente os roedores, sejam
suscetíveis à doença, atualmente os animais domésticos não constituem uma via
de transmissão. A possibilidade de transmissão do vírus de pessoas
infetadas para os seus animais de estimação, torna preferível que uma pessoa
infetada se mantenha isolada do seu animal de estimação ou tenha o mínimo
contacto possível.
Pode ser transmitido por picadas de mosquitos?
Não, este vírus não é transmitido através da picada de
mosquito ou outros insetos.
Quando é que as pessoas com infeção por VMPX são
infeciosas?
As pessoas com infeção por VMPX são infeciosas desde
um dia antes do início de sinais e sintomas até à resolução de todas as lesões,
com queda natural de todas as crostas e surgimento de pele integra, o que demora
normalmente entre duas a quatro semanas.
Não está ainda suficientemente esclarecido se uma
pessoa com infeção por VMPX, que ainda não tenha desenvolvido quaisquer sinais
ou sintomas, pode transmitir o vírus. Assim, por precaução, considera-se que o
início de período de transmissão da infeção é um dia antes do aparecimento de
sinais e sintomas.
Quem tem maior risco de ficar infetado?
As pessoas que interagem de forma próxima com uma
pessoa com infeção por VMPX, nomeadamente os coabitantes e os parceiros
sexuais, são as pessoas com maior risco de adquirirem a infeção. Também os
profissionais da saúde que prestem cuidados a pessoas infetadas sem os
equipamentos de proteção individual adequados poderão estar em risco de
infeção.
A infeção é grave? Pode deixar sequelas?
A infeção por vírus MPX é geralmente uma doença que,
na maioria das pessoas evolui para a recuperação total em algumas semanas. Pode
ser um processo desconfortável devido aos sintomas gerais iniciais (febre, dor
de garganta e dores musculares, dor de cabeça) e aos sinais (lesões da pele e
mucosas e adenopatias). Em alguns casos, podem ocorrer doença
grave, especialmente em crianças, mulheres grávidas e pessoas
imunocomprometidas, que podem necessitar de cuidados hospitalares.
Depois da doença fica-se o imune ou pode ocorrer
reinfeção?
Não há, à data, evidência científica sobre a duração
da imunidade adquirida nem sobre a reinfeção por VMPX em pessoas recuperadas.
O que devo fazer se for caso suspeito, provável ou
confirmado?
Perante um caso suspeito, provável ou confirmado de
infeção por VPMX, o médico emite o Certificado de Incapacidade Temporária (CIT
– baixa médica) para que sejam mais exequíveis as seguintes medidas:
·
Isolamento
domiciliário e distanciamento físico com outras pessoas até à resolução das
lesões (queda das crostas);
·
Evicção de
contacto físico próximo (coabitantes), pele-com-pele ou pele-commucosa,
incluindo contactos sexuais até resolução das lesões (queda das crostas);
·
Distanciamento
físico evitando a permanência em espaço comum com coabitantes; essa privação é
especialmente relevante se coabitar com crianças pequenas, grávidas e pessoas
imunodeprimidas;
·
Lavagem e/ou
higienização frequente das mãos;
·
Não partilhar
objetos e utensílios de uso pessoal, vestuário, roupas de cama, atoalhados (e
outros têxteis) e garantir a higienização e desinfeção dos mesmos assim como
das superfícies do espaço doméstico partilhado;
·
Lavar vestuário
e têxteis com água quente e detergentes habituais, ou, quando possível, numa
máquina de lavar (> 60⁰ C), utilizando um ciclo de lavagem prolongado;
·
Limpar
superfícies duras, sobretudo aquelas onde tocam frequentemente com detergente
com cloro, seguindo as instruções constantes no rótulo de cada produto,
deixando secar ao ar;
·
Alertar as
pessoas que foram seus contactos próximos desde o início dos sintomas, para
possíveis sinais e sintomas. Na eventualidade de os contactos desenvolverem
sintomas, devem observar as precauções acima recomendadas e procurar cuidados
de saúde, nomeadamente através do SNS24 (808 24 24 24);
·
Evitar contacto
próximo com animais domésticos e outros animais, em especial, roedores13;
·
Em caso de
necessidade de se deslocar a uma unidade de saúde, o doente deverá utilizar
máscara facial e cobrir as lesões, o mais possível, com vestuário e evitar o
contacto físico com pessoas e/ou superfícies;
· As medidas de isolamento de casos suspeitos, prováveis ou confirmados devem ser mantidas até resolução das lesões mucosas e queda das crostas de todas as lesões, que se estima ocorrer após 2 a 4 semanas.
Como obter o CIT (certificado de incapacidade
temporária para o trabalho)?
O CIT pode ser emitido por qualquer clínico no
contexto de consulta dos cuidados de saúde primários ou consulta em ambulatório
em contexto hospitalar.
Quando atendido num serviço de urgência, o caso é
referenciado para uma consulta de doenças infeciosas ou de dermatologia, onde
lhe será emitido o CIT.
Como posso evitar ser-se infetado?
É importante obter informações de fontes oficiais
sobre os sinais e sintomas assim como a forma de transmissão da infeção. Cada
pessoa em especial as de maior risco de exposição deverão considerar limitar os
seus parceiros sexuais e interações íntimas.
Embora a vacinação esteja disponível para algumas
pessoas com maior risco de exposição (ver infra), essa deverá ser
complementada com medidas individuais de redução de risco, nomeadamente reduzir
atividade sexual e evitar participação em festas ou eventos de massa onde
possam ocorrer contactos íntimos.
Os preservativos são úteis na prevenção da transmissão
da doença?
O uso do preservativo nas relações sexuais é
recomendado para a prevenção do VIH e de outras infeções sexualmente
transmissíveis. Os preservativos, por si só, não oferecem proteção completa
contra a infeção por VMPX, uma vez que a transmissão pode ocorrer por contacto
próximo de pele com pele. Se forem utilizados brinquedos sexuais, estes devem
ser devidamente lavados e usados com proteção.
Há alguma recomendação sobre viagens internacionais?
Neste momento não há restrições de viagens
internacionais. Para viajantes para algum país da África Ocidental ou
Africa Central, recomenda-se o seguinte:
·
Não comer carne
crua e evitar a manipulação de alimentos crus
·
Evitar contato
com animais de estimação ou animais selvagens
·
Manter boas
práticas de higiene, nomeadamente das mãos
·
Após o regresso,
estar atento à eventual apresentação de sinais e sintomas e consultar os
serviços de saúde, informando da história de viagem.
Qual a vacina disponível em Portugal ?
A vacina disponível nesta data - JYNNEOS® - está
autorizada nos EUA para prevenção da varíola e da infeção humana por VMPX em
adultos. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou adequada a sua
administração no contexto deste surto. Em Portugal, o INFARMED concedeu
Autorização de Utilização Excecional para a sua utilização, como medida
adicional no controlo do surto de infeção humana por VMPX. Uma declaração de elegibilidade devidamente assinada pelo médico e com respetiva vinheta ou carimbo do serviço é entregue às pessoas com indicação para vacinação.
A vacina apresenta um bom perfil de segurança.
Qualquer cidadão pode ser vacinado?
Não. Após avaliação do risco individual, mediante
indicação médica, tendo em conta os critérios específicos para vacinação preventiva
e vacinação pós-exposição contra a infeção humana por VMPX. Uma declaração de elegibilidade devidamente assinada pelo médico e com respetiva vinheta ou carimbo do serviço é entregue às pessoas com indicação para vacinação.
A vacina não está contraindicada na gravidez ou na idade
pediátrica, mas deve a sua administração deve ser decidida caso a caso pelo
médico assistente.
Quem pode ser atualmente vacinado contra a infeção por
vírus Monkeypox (VMPX)?
A vacinação está disponível desde meados de julho de
2022 para pessoas que tiveram um contacto de risco com alguém infetado com
VMPX, o que é também chamada vacinação pós-exposição. Desde 20 de setembro de
2022, passou também a estar disponível a vacinação preventiva (ou
pré-exposição), para pessoas em maior risco, definidas pela Norma 006/2022 atualizada a 7 de novembro de 2022 atualizada a 7 de novembro de 2022.
A estratégia de vacinação pretende reduzir a
disseminação e gravidade da infeção por VMPX com o número de vacinas
disponível, que é atualmente muito limitado. Isso implica que, por enquanto,
nem todos que desejam ser vacinados podem fazê-lo neste momento.
Quais são os critérios de elegibilidade para a
vacinação preventiva (ou pré-exposição)?
Podem ser
vacinadas as pessoas com idade ≥18 anos, sem sintomas, consideradas de risco
acrescido, quem foi emitida uma declaração de eligibilidade para a vacinação pré-exposição
e que preencham os seguintes critérios:
·
Homens que têm sexo com homens (HSH),
mulheres e pessoas trans, em profilaxia pré-exposição para o vírus da
imunodeficiência humana (PrEP para VIH) com história de múltiplos parceiros
sexuais, nos últimos 6 meses;
·
HSH e pessoas trans que vivam com VIH7 E
tenham múltiplos parceiros sexuais nos últimos 6 meses;
·
HSH e pessoas trans envolvidas em sexo
comercial
·
HSH com imunossupressão grave.
São também
considerados elegíveis para a vacinação pré-exposição os profissionais desaúde,
com elevado risco de exposição, envolvidos na colheita e processamento de
produtos biológicos de casos de infeção por VMPX.
As pessoas com
infeção humana por VMPX prévia confirmada não são elegíveis para vacinação.
Se cumprir os critérios acima mencionados pode solicitar a declaração de elegibilidade (devidamente assinada e com vinheta do médico ou do serviço) para vacinação pré-exposição, preferencialmente nas seguintes consultas:
·
Consultas de
PrEP para VIH
·
Consultas de
tratamento de infeção VIH
·
Consultas de /
de tratamento de IST nas especialidades de Infeciologia ou/dermato-venereologia
·
Consultas
médicas em organizações de base comunitária / não governamentais para
populações-chave
·
Consultas de
saúde ocupacional / medicina do trabalho para os profissionais de saúde.
Quais são os critérios para a vacinação pós-exposição?
A vacinação pós-exposição é realizada após avaliação
do risco individual, mediante indicação da Autoridade de Saúde que emite uma
declaração de elegibilidade para vacinação pós-exposição. A vacina neste
formato é administrada a pessoas com contacto recente com alguém diagnosticado
com infeção por VMPX.
A vacina não está contraindicada na gravidez ou na
idade pediátrica, mas deve a sua administração deve ser decidida caso a caso
pelo médico assistente.
Quais são os critérios para se ser vacinado em
pós-exposição?
Os critérios são:
·
Pessoas
assintomáticas e que tenham sido contacto próximo de um caso notificado de
infeção humana por VMPX
·
Ser portador de
uma declaração médica para vacinação
·
Ser vacinado no
máximo até 14 dias após a última exposição.
A adminsitração da vacina é efectuada às pessoas
elegíveis a quem foi emitida uma declaração de elegibilidade para a vacinação
pós-exposição pela Autoriddae de Saúde.
As pessoas com infeção humana por VMPX prévia
confirmada não são elegíveis para vacinação.
Quando deve ser efetuada a vacinação pós-exposição?
A vacinação deve ocorrer idealmente nos primeiros 4
dias após o último contacto.
Pode ainda ocorrer até 14 dias após a última
exposição, se a pessoa se mantiver assintomática e se o caso a que a pessoa foi
exposta for provável ou confirmado.
O que é a vacinação por via intradérmica?
A partir de 20 de setembro, na maior parte dos casos a
aplicação da vacina será intradérmica em dose reduzida (1/5) da vacina, com
duas doses com um intervalo de 28 dias.
Com esta técnica, uma quantidade menor
de vacina (1/5 da dose, em duas aplicações) é suficiente para a vacinação, o
que significa que um grupo maior de pessoas já pode ser vacinado com a mesma
quantidade de vacina.
Pessoas que não
podem receber a vacina por via intradérmica:
·
População pediátrica
(<18 anos de idade);
·
Grávidas em
qualquer fase de gestação;
·
Pessoas em
situação de imunossupressão grave (conforme definido no Anexo II da Norma nº
006/2022).
A pessoa que tenha sido infetado pode ser
vacinado?
Não. As pessoas com infeção humana por VMPX prévia
confirmada não são elegíveis para vacinação.
Uma pessoa que já tenha sido vacinada contra a varíola
poderá fazer a vacina contra o vírus da infeção humana por VMPX?
As pessoas com história de vacinação contra a varíola
(esquema completo – 2 doses), há 2 anos ou menos, não têm indicação para esta
vacina.
As pessoas que foram vacinadas contra a varíola há
mais de 2 anos, e que forem contactos próximos de casos notificados devem fazer
uma dose na situação de pós-exposição.
Qual é o esquema vacinal da vacina contra o vírus da
infeção humana por VMPX?
O esquema vacinal é indicado pelo médico ou pela
autoridade de saúde em função da avaliação de risco, incluindo o contexto de
risco e a existência de história de vacinação contra a varíola para as opções
de vacinação preventiva ou pós-iexposição, assim como o tipo de adminsitração e
respetiva dose.
Onde posso dirigir-me para ser vacinado?
Nos locais de vacinação indicados por cada
administração regional de saúde, mediante agendamento prévio.