Mpox | Perguntas Frequentes

Qual a vacina disponível em Portugal? 

A única vacina que se encontra autorizada pelas autoridades do medicamento, a nível internacional, está disponível em quantidade limitada, devido à elevada procura gerada pela recente emergência internacional de Mpox, em 2022. É uma vacina contra a varíola, constituída por vírus Vaccínia modificado (Vacina de vírus Vaccinia Ankara, modificado vivo – MVA-BN), de modo a estimular o sistema imunitário, não provocando doença, com provas de elevada eficácia contra a Varíola e contra mpox e apresentando um bom perfil de segurança. 

Esta vacina está autorizada sob designações comerciais diferentes: JYNNEOS® nos EUA, e IMVANEX® na Europa. Em Portugal, à data, está disponível com ambas as designações. 


Qualquer cidadão pode ser vacinado contra mpox? 

Não. Apenas podem ser vacinadas pessoas que preencham os critérios para vacinação, que deverão contactar os locais de vacinação para agendamento da mesma. Será efetuada uma avaliação do risco individual, por um profissional de saúde, tendo em conta os critérios específicos para vacinação pré-exposição e a vacinação pós-exposição.

A vacina não está contraindicada na gravidez ou na idade pediátrica, mas a sua administração a estas pessoas deve ser decidida caso a caso, pelo médico assistente e administrada mediante a apresentação de prescrição médica.


Quem pode ser atualmente vacinado contra mpox?

A vacinação está disponível desde meados de julho de 2022 para pessoas que tiveram um contacto de risco com um caso de mpox, sendo também chamada de vacinação pós-exposição. Desde 20 de setembro de 2022, passou também a estar disponível a vacinação pré-exposição (preventiva), para pessoas em maior risco, definidas pela Norma 006/2022.

A estratégia de vacinação pré-exposição pretende reduzir a disseminação da doença na comunidade, e a vacinação pós-exposição pretende reduzir a probabilidade de um contacto de um caso desenvolver a doença ou reduzir a gravidade da mesma.


Quais são os critérios de elegibilidade para a vacinação pré-exposição?

• Podem ser vacinadas as pessoas com idade ≥18 anos, sem sintomas, consideradas de risco acrescido para esta doença e que não tenham sido previamente diagnosticadas com esta doença, se preencherem os seguintes critérios:

i. Homens que têm sexo com homens (HSH), com múltiplos parceiros sexuais;

ii. Diagnóstico de Infeção Sexualmente Transmissível (IST) recente (últimos 6 

meses);

iii. História de práticas sexuais com uso de substâncias psicoativas (Chemsex);

iv. Pessoas envolvidas em sexo comercial;

v. História de práticas sexuais em grupo;

vi. Funcionários e utilizadores de espaços onde se verifiquem práticas de sexo 

em grupo ou sexo anónimo;

vii. Pessoas com parceiros sexuais anónimos;

viii. Pessoas em programa PrEP (profilaxia pré-exposição para o VIH).

• Profissionais de saúde que não tenham sido previamente diagnosticadas com esta doença, com contacto direto e continuado com pessoas com mpox ou profissionais envolvidos na colheita e processamento de produtos biológicos de casos de mpox. 


Quais são os critérios para se ser vacinado em pós-exposição?

Os critérios são, cumulativamente:

• Pessoas assintomáticas e que tenham tido contacto próximo com um caso notificado de mpox.

• Ser vacinado no máximo até 14 dias após a última exposição. 

• A administração da vacina é efetuada às pessoas elegíveis a quem foi emitida uma declaração de elegibilidade para a vacinação pós-exposição (Anexo V da Norma 006/2022).

• As pessoas com mpox prévia confirmada não são elegíveis para vacinação, pelo que caso haja sintomas sugestivos da doença, deve informar o médico que indicou a vacinação ou outro profissional de saúde, antes da administração da vacina.


Porque utilizamos a vacinação por via intradérmica?

A vacina MVA-BN é geralmente administrada por via subcutânea (dose de 0,5 ml). Na vacinação pré-exposição a aplicação da vacina será intradérmica (administração por baixo da camada superior da pele), em dose reduzida (0,1 ml). Com esta técnica, uma quantidade menor de vacina (1/5 da dose), é suficiente para gerar imunidade protetora, possibilitando que um maior número de pessoas possa ser vacinado com a mesma quantidade de vacina.

 Pessoas que não podem receber a vacina por via intradérmica: 

• População pediátrica (<18 anos de idade);

• Grávidas em qualquer fase de gestação;

• Pessoas em situação de imunossupressão grave (conforme definido no Anexo II da Norma nº 006/2022).


A pessoa que tenha tido a doença pode ser vacinada? 

Não. As pessoas com mpox prévia confirmada não são elegíveis para vacinação, uma vez que se consideram imunizadas.


Qual é o esquema vacinal da vacina contra mpox? 

O esquema vacinal e a via de administração relativos à vacinação pós-exposição é indicado pelo médico assistente ou pela autoridade de saúde, em função da avaliação de risco, da situação individual e da existência de história de vacinação contra a varíola.

O esquema vacinal e a via de administração relativos à vacinação pré-exposição depende da situação individual e da existência de história de vacinação contra a varíola.


Uma pessoa que já tenha sido vacinada contra a varíola poderá fazer a vacina contra mpox?

Tanto em pré-exposição como em pós-exposição:

• As pessoas com história de vacinação contra a varíola (esquema completo – 2 doses), há 2 anos ou menos, não têm indicação para esta vacina.

• As pessoas que foram vacinadas contra a varíola há mais de 2 anos ou que fizeram previamente apenas 1 dose, têm indicação para a administração de 1 dose desta vacina. 


Onde posso dirigir-me para ser vacinado?

A listagem com os locais de vacinação está disponível aqui:

Locais para Vacinação Preventiva (ou Pré-Exposição) 


O que é a mpox (infeção humana por vírus Monkeypox)?

A mpox é uma doença zoonótica, o que significa que se pode transmitir de animais para humanos, para além da transmissão entre pessoas que se tem verificado no surto detectado em maio de 2022.

O termo “varíola dos macacos” não se refere à infeção humana, mas sim à infeção nos animais. De referir que não se trata de varíola, doença humana que foi erradicada em 1980.


Por que se diz que é uma zoonose?

É uma zoonose porque aquando da descoberta do vírus (1958) foram identificados vários mamíferos (roedores e macacos) como reservatórios do vírus, animais atualmente presentes em alguns países da África Ocidental e Central. A transmissão do vírus dos animais para as pessoas pode ocorrer através de mordidas ou arranhões ou por contato direto com a carne ou fluidos do animal. O surto atual tem-se caracterizado pela transmissão entre pessoas. 


Quais são os sinais e sintomas da mpox?

A mpox apresenta-se de início súbito, com o aparecimento de pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas:

• Exantema (lesões na pele ou mucosas);

• Queixas ano-genitais (incluindo úlceras);

• Febre (>38,0ºC);

• Dores de cabeça;

• Cansaço;

• Dores musculares; 

• Gânglios linfáticos aumentados, poucos dias antes da erupção de lesões que atingem pele e mucosas ou em simultâneo. 

As lesões na pele ou mucosas começam por ser manchas planas (máculas), depois com relevo (pápulas), tornam-se vesículas com conteúdo líquido claro ou amarelado, pústulas geralmente umbilicadas e, finalmente, formam-se úlceras e crostas que mais tarde secam e acabam por cair.


Onde aparecem habitualmente as lesões cutâneas? 

As lesões cutâneas podem ser localizadas numa determinada região do corpo ou generalizadas, atingindo habitualmente a face e boca, membros superiores e inferiores ou região ano-genital. O número de lesões numa pessoa pode variar e podem mesmo atingir as palmas das mãos e plantas dos pés.


Quando aparecem os sinais e sintomas?

Se uma pessoa estiver infetada, os sintomas ou sinais da doença podem aparecer entre 5 e 21 dias após exposição ao vírus.


Quanto tempo podem durar os sinais e sintomas? 

Estes sinais e sintomas duram, geralmente, entre duas a quatro semanas e desaparecem por si só, sem tratamento. 


Como é feito o diagnóstico da doença?

• Avaliação clínica por um médico para identificação de sinais e sintomas que não são explicados por outras causas. Essa avaliação clínica identificará sinais e sintomas sugestivos da infeção, com eventual história de exposição a um caso provável ou confirmado de mpox ou ainda no contexto de história de relações sexuais com múltiplos/as parceiros/as, ou em anonimato, nos 21 dias que antecederam o início de sintomas.

• Análises clínicas para pesquisa do VMPX por PCR em amostras específicas para confirmação laboratorial.


O que fazer na situação de contacto físico próximo com uma pessoa com mpox? 

Após a exposição a uma pessoa com infeção, e na ausência de sinais ou sintomas, deve-se, durante 21 dias:

• Estar atento ao surgimento de qualquer sintoma geral ou lesão cutânea ou mucosa; 

• Evitar o contacto físico próximo, incluindo relações sexuais (durante 21 dias);

• Lavar as mãos com mais frequência e reforce medidas gerais de higiene;

• Avaliar a temperatura corporal duas vezes por dia.

Na presença de qualquer sinal ou sintoma, deve-se:

• Ligar para o SNS 24 (808 24 24 24) ou;

• Procurar os cuidados de saúde mais próximos que lhe permitam, de forma atempada, ter uma avaliação clínica e orientação para realização e análises laboratoriais;

• Informar os profissionais de saúde da eventualidade de contacto físico próximo com uma pessoa infetada ou com suspeita de infeção.

 

Como é que o vírus mpox se transmite?

O vírus pode ser transmitido através de contacto físico próximo entre pessoas. 

As lesões da pele e mucosas, o seu conteúdo líquido ou purulento e as crostas são particularmente infeciosas. Os outros fluidos corporais como secreções genitais e anais poderão conter vírus que poderão ser transmitidos. 

O contacto com vestuário pessoal, roupas de cama, atoalhados, objetos como talheres, pratos ou outros utensílios de uso pessoal contaminados também podem transmitir o vírus. 


A mpox é uma infeção sexualmente transmissível?

A infeção humana pode ser transmitida de uma pessoa para outra através de contacto físico próximo, incluindo contacto sexual. Atualmente não se sabe se o vírus que causa a mpox pode ser transmitido através de sémen ou fluidos vaginais. Mas o contacto direto, pele com pele, com lesões, em práticas sexuais, pode transmiti-lo.


O vírus pode ser transmitido através de animais de estimação?

Embora os mamíferos, especialmente os roedores, sejam suscetíveis à doença, atualmente os animais domésticos não constituem uma via de transmissão.  A possibilidade de transmissão do vírus de pessoas infetadas para os seus animais de estimação torna preferível que uma pessoa infetada se mantenha isolada do seu animal de estimação ou tenha o mínimo contacto possível.


Pode ser transmitido por picadas de mosquitos?

Não, este vírus não é transmitido através da picada de mosquito ou outros insetos.


Quando é que as pessoas com mpox são infeciosas?

As pessoas com mpox são infeciosas desde um dia antes do início de sinais e sintomas até à resolução de todas as lesões, com queda natural de todas as crostas e surgimento de pele integra, o que demora normalmente entre duas a quatro semanas. 

Não está ainda suficientemente esclarecido se uma pessoa com mpox, que ainda não tenha desenvolvido quaisquer sinais ou sintomas, pode transmitir o vírus. Assim, por precaução, considera-se que o início de período de transmissão da infeção é um dia antes do aparecimento de sinais e sintomas.


Quem tem maior risco de ficar infetado? 

As pessoas que interagem de forma próxima com uma pessoa com mpox, nomeadamente os coabitantes e os parceiros sexuais, são as pessoas com maior risco de adquirirem a infeção. Também os profissionais da saúde que prestem cuidados a pessoas infetadas sem os equipamentos de proteção individual adequados poderão estar em risco de infeção. 

 

A infeção é grave? Pode deixar sequelas?

A mpox é geralmente uma doença que, na maioria das pessoas evolui para a recuperação que pode demorar algumas semanas. Pode ser um processo desconfortável e longo devido aos sintomas gerais iniciais (febre, dor de garganta e dores musculares, dor de cabeça) e aos sinais, como adenopatias e lesões da pele e mucosas que podem demorar a cicatrizar completamente (até caída das crostas de todas das lesões)). Em alguns casos, pode ocorrer doença grave, especialmente em crianças, mulheres grávidas e pessoas imunocomprometidas, que podem necessitar de cuidados hospitalares.


Depois da doença fica-se imune ou pode ocorrer reinfeção?

Não há, à data, evidência científica sobre a duração da imunidade adquirida nem sobre a reinfeção em pessoas recuperadas.


O que devo fazer se for caso suspeito, provável ou confirmado?

Perante um caso suspeito, provável ou confirmado de mpox, o médico emite o Certificado de Incapacidade Temporária (CIT – baixa médica) para que sejam mais exequíveis as seguintes medidas:

• Isolamento domiciliário e distanciamento físico com outras pessoas até à resolução das lesões (queda das crostas);

• Evicção de contacto físico próximo (coabitantes), pele-com-pele ou pele com mucosa, incluindo contactos sexuais até resolução das lesões (queda das crostas);

• Distanciamento físico evitando a permanência em espaço comum com coabitantes; essa privação é especialmente relevante se coabitar com crianças pequenas, grávidas e pessoas imunodeprimidas; 

• Lavagem e/ou higienização frequente das mãos; 

• Não partilhar objetos e utensílios de uso pessoal, vestuário, roupas de cama, atoalhados (e outros têxteis) e garantir a higienização e desinfeção dos mesmos assim como das superfícies do espaço doméstico partilhado; 

• Lavar vestuário e têxteis com água quente e detergentes habituais, ou, quando possível, numa máquina de lavar (> 60⁰ C), utilizando um ciclo de lavagem prolongado; 

• Limpar superfícies duras, sobretudo aquelas onde tocam frequentemente com detergente com cloro, seguindo as instruções constantes no rótulo de cada produto, deixando secar ao ar; 

• Alertar as pessoas que foram seus contactos próximos desde o início dos sintomas, para possíveis sinais e sintomas. Na eventualidade de os contactos desenvolverem sintomas, devem observar as precauções acima recomendadas e procurar cuidados de saúde, nomeadamente através do SNS24 (808 24 24 24);

• Evitar contacto próximo com animais domésticos e outros animais, em especial, roedores13; 

• Em caso de necessidade de se deslocar a uma unidade de saúde, o doente deverá utilizar máscara facial e cobrir as lesões, o mais possível, com vestuário e evitar o contacto físico com pessoas e/ou superfícies; 

• As medidas de isolamento de casos suspeitos, prováveis ou confirmados devem ser mantidas até resolução das lesões mucosas e queda das crostas de todas as lesões, que se estima ocorrer entre 2 a 4 semanas, podendo em casos de doença grave ocorrer após 4 semanas. 


Como posso obter o CIT (Certificado de Incapacidade Temporária para o Trabalho)? 

O CIT pode ser emitido por qualquer clínico no contexto de consulta dos cuidados de saúde primários ou consulta em ambulatório em contexto hospitalar. 

Quando atendido num serviço de urgência, o caso é referenciado para uma consulta de doenças infeciosas ou de dermatologia, onde lhe será emitido o CIT. 


Como posso evitar ser infetado?

É importante obter informações de fontes oficiais sobre os sinais e sintomas assim como a forma de transmissão da infeção. Cada pessoa em especial as de maior risco de exposição deverão considerar limitar os seus parceiros sexuais e interações íntimas. 

Embora a vacinação esteja disponível para algumas pessoas com maior risco de exposição (ver infra), essa deverá ser complementada com medidas individuais de redução de risco, nomeadamente reduzir atividade sexual e evitar participação em festas ou eventos de massa onde possam ocorrer contactos íntimos. 


Os preservativos são úteis na prevenção da transmissão da doença?

O uso do preservativo nas relações sexuais é recomendado para a prevenção do VIH e de outras infeções sexualmente transmissíveis. Os preservativos, por si só, não oferecem proteção completa contra a mpox, uma vez que a transmissão pode ocorrer por contacto próximo de pele com pele. Se forem utilizados brinquedos sexuais, estes devem ser devidamente lavados e usados com proteção.


Há alguma recomendação sobre viagens internacionais?

Neste momento não há restrições de viagens internacionais.  Para viajantes para algum país da África Ocidental ou África Central, recomenda-se o seguinte:

• Não comer carne crua e evitar a manipulação de alimentos crus;

• Evitar contato com animais de estimação ou animais selvagens;

• Manter boas práticas de higiene, nomeadamente das mãos;

• Após o regresso, estar atento à eventual apresentação de sinais e sintomas e consultar os serviços de saúde, informando da história de viagem.