Partículas de origem natural - eventos naturais

Em Portugal, durante os meses de primavera e de verão, pode verificar-se com maior frequência, a presença de partículas na atmosfera provenientes das zonas áridas do Norte de África, nomeadamente dos desertos do Sahara e Sahel, sendo a maioria destas partículas de origem natural.

As temperaturas elevadas e a alta insolação nas regiões mais áridas originam fortes ventos superficiais e processos de convecção. A ação erosiva do vento sobre os solos liberta partículas minerais que são transportadas a longas distâncias pela circulação atmosférica.

Em particular, a bacia do Mediterrâneo é habitualmente atingida por estes episódios de partículas naturais. De acordo com o estudo de Pey et al, este fenómeno é mais frequente nas regiões do sul do Mediterrânio do que nos países do norte, apesar de poder ter impactos em zonas tão distantes como as Caraíbas e os Estados Unidos da América (1) (Pey et al, 2013). 

Estes eventos naturais poderão afetar a qualidade do ar ambiente e contribuir para o aumento da concentração de partículas e poeiras em suspensão. As partículas referidas são inferiores a 10 µm, podendo ser responsáveis por efeitos nefastos para a saúde humana, como irritação nos olhos, nariz, garganta, tosse e agravamento de doenças respiratórias.

A Agência Portuguesa do Ambiente em parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa acompanha diariamente a ocorrência destes eventos, divulgando informação sempre que se preveja a introdução de partículas provenientes de zonas áridas em Portugal continental (eventos naturais).

As previsões deste tipo de eventos são obtidas recorrendo aos modelos Dream (Barcelona Supercomputing Center) e Skiron (University of Athens).

Aquando da ocorrência destes fenómenos provocados por partículas/poeiras de origem natural e enquanto os mesmos se mantiverem, a DGS recomenda o seguinte:

  • A população em geral deve evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes;
  • Os seguintes grupos de cidadãos, pela sua maior vulnerabilidade aos efeitos deste fenómeno, para além de cumprirem as recomendações para a população em geral, devem, se possível, permanecer no interior dos edifícios com as janelas fechadas:
    • Crianças;
    • Idosos;
    • Doentes com problemas respiratórios crónicos, principalmente asma;
    • Doentes do foro cardiovascular.
  • Os doentes crónicos devem manter os tratamentos médicos em curso;
  • Em caso de agravamento de sintomas contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) ou procurar uma unidade de saúde.

-----
(1) Pey et al; African dust outbreaks over the Mediterranean Basin during 2001-2011: PM10 concentrations, phenomenology and trends, and its relation with synoptic and mesoscale meteorology; Atmospheric Chemistry and Physics, 13, 1395-1410, 2013.