Qualidade do ar ambiente » Efeitos dos poluentes na saúde

Os principais efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde refletem-se ao nível dos aparelhos respiratório e cardiovascular. Estes efeitos são variáveis e dependem do tempo de exposição, da concentração e da vulnerabilidade de cada pessoa (idade, sexo, condição de saúde).

Poluentes do ar e impactes na saúde

 

Note: Particulate matter with a diameter of 2.5 µm or less (PM2,5), particulate matter with a diameter of 10 µm or less (PM10), ozone (O3), nitrogen dioxide (NO2), benzo[a]pyrene (BaP) and sulfur dioxide (SO2).

 Fonte: EEA, Healthy Environment, Healthy Lives, 2019


As partículas (PM), denominadas partículas matter, são compostas por partículas orgânicas e inorgânicas, sólidas e liquidas, de diferentes origens, tamanhos e composição como ácidos (nitratos e sulfatos), químicos orgânicos, metais, partículas de solo ou poeiras e substâncias alergénicas (pólenes ou esporos). São o componente major da poluição urbana e que têm maiores efeitos sobre a saúde.

As partículas diesel (DEPS) dos motores dos automóveis constituem 90% das partículas matter e são constituídas por partículas finas (2,5 a 0,1 μm) e ultrafinas (< 0,1 μm) que, por exposição aguda, causam irritação no nariz e olhos, cefaleias, fadiga, náuseas, anomalias na função respiratória, enquanto que por exposição contínua provocam tosse, aumento das secreções e diminuição da função respiratória.

Quanto menor a dimensão das partículas, maior a probabilidade de penetrar no aparelho respiratório e maiores os efeitos negativos que podem causar. As partículas mais nocivas para a saúde humana são as que possuem um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm, denominadas PM10, pois podem entrar no sistema respiratório. Dentro das PM10 a fração com diâmetro aerodinâmico inferior a 2,5 µm, denominadas PM2,5, ou partículas ainda menores (finas e ultrafinas) conseguem penetrar o sistema respiratório até ao nível alveolar interferindo no processo respiratório e acarretando risco grave para a saúde. 

As partículas podem ainda ligar-se a outros poluentes como hidrocarbonetos e metais pesados e servir de transporte a estes poluentes até ao sistema respiratório, onde podem ser absorvidos e atingir a circulação sanguínea.

A exposição crónica a este poluente aumenta o risco de desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiovasculares e cancro de pulmão, contribuindo para agravar sintomas de outras doenças.

As partículas têm um efeito adjuvante nos indivíduos alérgicos, influenciando a sensibilização para alergénios inalados, chegando a elevar 50 vezes a potência do alergénio, causando sintomas respiratórios e modificando a resposta imunológica. Podem, também, alterar o perfil proteico dos pólenes, podendo originar novas proteínas que funcionam como novos alergénios.

O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, inodoro e insípido e muito perigoso devido à sua grande toxicidade. É produzido pela queima em condições de pouco oxigénio (combustão incompleta) e/ou alta temperatura de carvão ou outros materiais ricos em carbono, como derivados de petróleo e madeira.

Em zonas urbanas, os transportes rodoviários são a principal fonte de CO e, como tal, as concentrações deste poluente variam com as alterações de tráfego, sendo emitido em maior quantidade quando os motores estão em alta rotação nas situações de pára-arranca ou de baixa velocidade de circulação.

O aumento da sua concentração ao nível do solo leva ao prolongamento das estações do ano, podendo resultar em maior produção de pólenes com agravamento das doenças respiratórias.

Os efeitos nefastos do monóxido de carbono na saúde humana devem-se à sua capacidade de se combinar irreversivelmente com a hemoglobina do sangue, em virtude de ter maior afinidade pela hemoglobina do que pelo oxigénio, comprometendo o transporte de oxigénio dos pulmões para os tecidos e do dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões. 

O monóxido de carbono pode causar dor de cabeça, vertigens e má disposição, incluindo náuseas e vómitos, pode ainda reduzir a capacidade de aprendizagem, de trabalho e a destreza manual. Com tempos de exposição elevados pode causar a morte.

Os óxidos de azoto (NOx) incluem o monóxido e o dióxido de azoto. Quando as condições são favoráveis o monóxido de azoto emitido oxida-se fotoquimicamente na atmosfera, originando o respetivo dióxido. Estudos epidemiológicos mostram que os sintomas de bronquite em crianças asmáticas aumentam quando associados a uma exposição a longo prazo a NOx.  (WHO, 2021)

O dióxido de azoto causa, também, efeitos nocivos na saúde, tais como, irritação dos olhos e garganta, diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, e efeitos nefastos ao nível do sistema nervoso central.

Os efeitos na saúde dependem das concentrações e do tempo de exposição, podendo ainda potenciar a resposta a alérgenos em indivíduos mais sensíveis.

O ozono (O3) é um composto fotoquímico oxidante muito forte que induz lesões da mucosa respiratória e consequentes respostas inflamatórias das vias aéreas altas e baixas. 

A exposição ao poluente ozono pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta, dores de cabeça, dores no peito e dificuldades respiratórias.

Uma exposição prolongada aumenta o risco de exacerbação da asma, particularmente na criança, diminuição da função respiratória, aumento de hospitalizações por doenças respiratórias e aumento da mortalidade prematura.  

Na troposfera o ozono é um poluente secundário resultante de reações fotoquímicas quando existem poluentes primários precursores como os óxidos de azoto (NOX) e os compostos orgânicos voláteis (COV), na presença de radiação solar e temperatura elevada. 

O dióxido de enxofre (SO2) é um gás incolor, com um forte odor e irritante para as mucosas dos olhos, nariz e garganta. A exposição prolongada a este poluente pode afetar o sistema respiratório, provocar alterações nos mecanismos de defesa dos pulmões, incluindo lesões pulmonares e agravar doenças como a asma e a bronquite crónica e doenças cardiovasculares. 

O dióxido de enxofre é um poluente com origem em fontes antropogénicas que envolvam processos de queima de combustíveis que contenham enxofre, tais como a produção de eletricidade ou a combustão de suporte em processos fabris. A nível da industria, este poluente tem, também, origem em processos industriais em seja utilizado enxofre, como por exemplo na produção de ácido sulfúrico. A origem natural do SO2 resulta sobretudo da atividade vulcânica.

O SO2 está, ainda, na origem da formação do ácido sulfúrico que compõe as chuvas ácidas, causando a degradação de diversos materiais de construção e causando efeitos nocivos na vegetação, tais como a redução das taxas de crescimento e de fotossíntese.