Qualidade do ar ambiente » Efeitos dos poluentes na saúde

Os principais efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde refletem-se ao nível dos aparelhos respiratório e cardiovascular. Estes efeitos são variáveis e dependem do tempo de exposição, da concentração e da vulnerabilidade de cada pessoa (idade, sexo, condição de saúde).

As partículas, denominadas partículas matter, são compostas por partículas orgânicas e inorgânicas, sólidas e liquidas, de diferentes origens, tamanhos e composição como ácidos (nitratos e sulfatos), químicos orgânicos, metais, partículas de solo ou poeiras e substâncias alergénicas (pólenes ou esporos). São o componente major da poluição urbana e que têm maiores efeitos sobre a saúde.

As partículas diesel (DEPS) dos motores dos automóveis constituem 90% das partículas matter e são constituídas por partículas finas (2,5-0,1 μm) e ultrafinas (< 0,1 μm) que por exposição aguda causam irritação no nariz e olhos, cefaleias, fadiga, náuseas, anomalias na função respiratória enquanto que  por exposição contínua provocam tosse, aumento das secreções e diminuição da função respiratória. 

Estas partículas têm um efeito adjuvante nos indivíduos alérgicos, influenciando a sensibilização para alergénios inalados, chegando a elevar 50 vezes a potência do alergénio, causando sintomas respiratórios e modificando a resposta imunológica. Podem também alterar o perfil proteico dos pólenes, podendo originar novas proteínas que funcionam como novos alergénios.

O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, inodoro e insípido e muito perigoso devido à sua grande toxicidade.

É usado na síntese de vários compostos orgânicos, como o ácido acético, ácido fórmico, metanol e plásticos. É um agente redutor, retirando oxigénio de muitos compostos em processos industriais.

É produzido pela queima em condições de pouco oxigénio (combustão incompleta) e/ou alta temperatura de carvão ou outros materiais ricos em carbono, como derivados de petróleo.

O aumento da sua concentração ao nível do solo leva ao prolongamento das estações do ano podendo resultar em mais produção de pólenes com agravamento das doenças respiratórias.

O aumento da sua concentração na água do mar torna a água dos oceanos mais ácida e contribui para mudanças adversas no ecossistema, com implicações na pesca e na alimentação de certas regiões do mundo.

Os óxidos de azoto (NOx) incluem o monóxido e o dióxido de azoto. Quando as condições são favoráveis o monóxido de azoto emitido, oxida-se fotoquimicamente na atmosfera, originando o respetivo dióxido. Estudos epidemiológicos mostram que os sintomas de bronquite em crianças asmáticas aumentam quando associados a uma exposição a longo prazo a NOx.  (WHO, 2006).

Por outro lado, na presença de radiação solar e temperaturas elevadas, os óxidos de azoto podem reagir com os Compostos Orgânicos Voláteis (COV) originando, entre outros, o ozono troposférico (O3).

O ozono é um composto fotoquímico oxidante muito forte que induz lesões da mucosa respiratória e consequentes respostas inflamatórias das vias aéreas altas e baixas. A exposição prolongada aumenta o risco de exacerbação da asma, particularmente na criança, diminuição da função respiratória, aumento de hospitalizações por doenças respiratórias e aumento da mortalidade prematura. 

O dióxido de enxofre (SO2) é um gás incolor, com um forte odor e irritante para as mucosas dos olhos, nariz e garganta. A exposição prolongada a este poluente pode afetar o sistema respiratório, provocar alterações nos mecanismos de defesa dos pulmões e agravar doenças como a asma e bronquite crónica e doenças cardiovasculares existentes.