Trânsito Solar de Vénus - Um problema de saúde pública

Trânsito Solar de Vénus 2004


î O Trânsito Solar de Vénus

No dia 8 de Junho de 2004, o planeta Vénus atravessará lentamente o disco solar durante toda a manhã. A este fenómeno astronómico chama-se internacionalmente Trânsito Solar de Vénus (ver animação).

 
 


• à possibilidade de se ver o fenómeno sem aparelhos ópticos especiais;
• à pressão da comunicação social europeia sobre o assunto;
• à possibilidade de uma observação prolongada no tempo;
• à eventualidade de as pessoas usarem binóculos, óculos escuros, câmaras fotográficas ou de vídeo ou outros instrumentos;

 

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 Quando se vai ver

O Trânsito Solar de Vénus pode ser visto na manhã do dia 8 de Junho de 2004:
• no Continente, entre as 6h 20m e as 12h 25m;
• na Madeira, entre as 7h 00m e as 12h 26m;
• nos Açores, entre as 6h 23m e as 11h 26m.

î Qual o interesse

O fenómeno é raro. Ocorreu em 1874 e em 1882 e voltará a ocorrer em 2012 e em 2117. Em Portugal não será visível o de 2012, porque ocorrerá durante a noite.

No nosso País só voltará a ser visível em 2117, o que faz do fenómeno do próximo dia 8 de Junho uma oportunidade única, que as pessoas não vão querer perder, porque vai ser possível observar Vénus a olho nu, que é o planeta mais próximo da Terra e que possui um tamanho quase igual.

î Qual o perigo

Visto da Terra, o Sol vai ter um tamanho semelhante ao da Lua Cheia, enquanto Vénus terá o tamanho de um pequeno ponto negro que passará, durante a manhã do próximo dia 8 de Junho, à frente do Sol.

Acontece que o brilho directo do Sol vai encandear quem para ele olhar e as pessoas vão insistir para tentarem observar a passagem do pequeno ponto negro bem recortado, que é Vénus, à frente do Sol.
A exposição dos olhos à luz solar pode provocar graves lesões na visão. Porquê?

Porque os olhos são particularmente sensíveis à acção dos raios solares. Estes raios são ultra-violeta e infravermelhos, os quais lesam a retina, que é a camada nervosa dos olhos que comanda a visão e a função visual.

A retina pode, assim, ser “queimada” por uma reacção química, tal como acontece com a pele quando em contacto com a cal, levando a perturbações da visão, transitórias ou definitivas, que podem ir da diminuição da acuidade visual até à cegueira total.

î Factores que aumentam o risco

As pessoas que:

• possuem cristalinos mais transparentes, como os jovens;
• não possuem cristalino por terem sido operadas a cataratas;
• foram submetidas a cirurgias que enfraqueceram a retina;
• sofrem de retinopatia diabética;
• estão a tomar alguns medicamentos como tetraciclinas (antibiótico);
• têm aumento da temperatura corporal por febre ou calor;
• possuem um fundo ocular muito pigmentado;

correm um risco acrescido de sofrer graves lesões oculares com a observação directa do Trânsito Solar de Vénus.

î Quais os sintomas de lesão ocular

A lesão “queimadura” da retina não causa dor, podendo passar despercebida até surgirem os primeiros sintomas nas horas ou dias imediatos.

Estes sintomas variam entre o aparecimento de uma post-imagem persistente, a visão avermelhada dos objectos, a visão enevoada ou o aparecimento de escotomas, ou seja, o aparecimento de uma área negra à frente do olho.

O resultado final é a diminuição da acuidade visual que nos seis meses seguintes poderá vir a ser regressiva, parcial ou totalmente, com tratamento oftalmológico adequado.
É de notar que mesmo sem haver fixação prolongada da visão no Sol, a lesão da retina pode não regredir e evoluir para a cegueira total.

î Impacto mediático

O Observatório Europeu do Sul, do qual Portugal é membro, lançou uma forte campanha em todos os países europeus no sentido de aproveitar o Trânsito Solar de Vénus para promover a realização de acções educativas, pedagógicas e formativas a vários sectores da população europeia, como escolas, universidades, astrónomos amadores e população em geral.

O Observatório Astronómico de Lisboa em colaboração com a Associação Portuguesa para o Ensino da Astronomia, constituem o Nodo Nacional Português para divulgar este evento e dar apoio a todas as actividades integradas de observação no Projecto VT-2004 do Observatório Europeu do Sul.

A Europa inteira está, portanto, a ser mobilizada através da comunicação social, despertando o interesse público para a observação deste fenómeno astronómico.

î
 Problema de saúde pública

O fenómeno astronómico, associado à curiosidade geral para olhar o Sol na manhã do próximo dia 8 de Junho de forma desadequada, transforma-se num problema de saúde pública, pelo seu potencial para causar graves problemas na visão da população.

Ou seja, a oportunidade única de se poder observar um evento astronómico raro, associado:
 
faz aumentar o potencial de perigosidade visual da observação desadequada do Trânsito Solar de Vénus na população em geral e, em particular, nas crianças e nas pessoas com factores de risco acrescido.

Perante tal facto, o Ministério da Saúde não poderia ficar indiferente.

Então, o que vai ser feito?

î Campanha de prevenção

É fundamental o papel da comunicação social na informação correcta da população sobre os riscos da observação desadequada do Trânsito Solar de Vénus e sobre as medidas de prevenção das lesões da retina.

O Ministério da Saúde estabeleceu uma parceria com a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, o Observatório Astronómico de Lisboa e a Associação Nacional de Farmácias para levar a cabo esta campanha de prevenção.

Para além da sensibilização da população, que vai ser realizada pelo Ministério da Saúde através das rádios e televisões nacionais e através de folhetos e cartazes informativos:

• a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia disponibiliza, das 8h às 24 h dos dias 8 e 9 de Junho de 2004, através da Linha de Saúde Pública (chamada local para o número 808 211 311) da Direcção-Geral da Saúde, a triagem, aconselhamento e encaminhamento das pessoas que tenham sintomas visuais atribuíveis à observação directa do Trânsito Solar de Vénus;

• o Observatório Astronómico de Lisboa disponibiliza na Internet, através do site http://www.oal.ul.pt/vt2004, que é o site oficial do VT-2004 Europeu em Portugal, toda a informação sobre o fenómeno astronómico, tanto a nível de comunicação social, como cultural, amador e científico;

• a Associação Nacional de Farmácias disponibiliza, a partir de 24 de Maio, nas cerca de 2700 Farmácias suas associadas, do Continente e Regiões Autónomas, a venda ao público de filtros de protecção ocular (são óculos especiais), ao preço unitário de 1,5 €, para observação do Trânsito Solar de Vénus, com marca CE obrigatória, que cumprem a Norma Europeia EN 169/1992 e a Directiva Europeia CEE 89/686, as quais definem os critérios de máxima segurança para a observação ocular directa.

þ O que se deve fazer

• usar, por períodos curtos de tempo, os óculos especiais de protecção ocular (CE; EN 169/1992; D.E.  CEE 89/686), se quiser observar directamente o Trânsito Solar de Vénus;

• seguir indirectamente o Trânsito Solar de Vénus através da Internet no site http://www.oal.ul.pt/vt2004;

• usar outros métodos de observação indirecta do Trânsito Solar de Vénus, como seja pela televisão ou dirigindo-se a um local onde haja observações do Trânsito Solar de Vénus coordenadas por pessoas qualificadas, como os Observatórios Astronómicos de Lisboa e de Coimbra, os Centros Ciência Viva, os Centros de Investigação de Astronomia das Universidades ou os vários grupos de astrónomos amadores que se estão a organizar pelo País;

• colocar os óculos especiais de protecção ocular por baixo dos óculos habituais de ver;

• mesmo usando os óculos especiais de protecção ocular, observar o Trânsito Solar de Vénus por períodos curtos e espaçados.

ý O que não se deve fazer

• NÃO utilizar óculos escuros, vidros negros de fumo, negativos de fotografias, radiografias, CD’s;

• NÃO usar óculos especiais de protecção ocular que já tenham sido utilizados ou que estejam guardados, porque podem ter microfuros, arranhões ou imperfeições que deixem passar mais radiação do que a permitida;

• NÃO utilizar os óculos especiais de protecção ocular combinados com binóculos, câmaras fotográficas, telescópios ou outros instrumentos ópticos activos;

• NÃO utilizar os filtros solares que são fornecidos pelos fabricantes de telescópios e binóculos, para serem colocados na ocular do aparelho, ou seja, a lente onde se encosta o olho para ver.

î Onde obter informações complementares

• Linha Saúde Pública
  telefone: 808 211 311 (chamada local)
• Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
  telefone: 21 84 27 133
• Instituto de Oftalmologia Doutor Gama Pinto
  telefone: 21 35 53 069
• Observatório Astronómico de Lisboa
  telefone: 21 36 16 739

î Dossier de Imprensa [Ficheiro PDF (211 Kb)]