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Consumo de tabaco - efeitos na saúde

Artigo da autoria de Emília Martins Nunes, Chefe de Divisão de Promoção e Educação para a Saúde da Direcção-Geral da Saúde, publicado na Revista Portuguesa de Clínica Geral de Março/Abril de 2006.

Resumo:
Com o presente artigo, a autora procede a uma revisão dos principais efeitos na saúde decorrentes do consumo de tabaco, tendo por base os últimos dados de evidência recolhidos e publicados por diversas entidades internacionais. O consumo de tabaco induz dependência física e psicológica na grande maioria dos consumidores, constituindo, actualmente, a primeira causa de morbilidade e de mortalidade evitáveis, afectando todo o organismo humano. Existe hoje suficiente evidência de que o consumo de tabaco é factor causal de cancro em diferentes localizações, de doenças respiratórias crónicas e de doenças cardiovasculares, para além de outros efeitos no aparelho gastrointestinal, na saúde reprodutiva, no sistema endócrino, na saúde ocular, na saúde óssea e no envelhecimento da pele. O consumo de tabaco está também associado aos problemas de saúde mental. Os fumadores apresentam piores indicadores de saúde do que os não fumadores e uma esperança de vida menor. Cerca de metade dos fumadores regulares morre em resultado do consumo de tabaco, um quarto dos quais nas idades compreendidas entre os 25 e os 69 anos. O consumo de tabaco é um factor de risco totalmente evitável. Parar de fumar reduz os riscos associados ao consumo e à mortalidade prematura. Parar de fumar tem benefícios em qualquer idade, tanto maiores quanto mais cedo se verificar o abandono do tabaco. A dependência do tabaco deve, assim, ser encarada pelos profissionais de saúde, em particular pelos médicos, como uma doença crónica, recidivante, que carece de prevenção e de tratamento.