Direção-Geral da Saúde

Prevenção da Violência no Setor da Saúde

Reconhecendo a importância do fenómeno da violência no Setor da Saúde e dando resposta a compromissos assumidos a nível internacional e nacional em matéria de saúde e segurança, proteção laboral, jurídica e penal, é proposto o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde (PAPVSS), integrado no Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida e de acordo e aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros 1/2022 de 5 de Janeiro.

Definição

Define-se "Violência no Setor da Saúde" no âmbito deste plano como “Todas as situações em que um trabalhador, independentemente do seu vínculo jurídico, a desempenhar funções numa instituição que presta cuidados ou serviços de saúde do Ministério da Saúde, independentemente da sua natureza jurídica, é submetido a qualquer tipo de violência em condições relacionadas com o seu trabalho, incluindo as deslocações para e do trabalho, colocando em risco, de forma direta ou indireta, a sua segurança, bem-estar ou saúde ou os de terceiros”.

Ideias Chave

  • Os contextos de prestação de cuidados de saúde podem gerar ambientes vulneráveis e propensos à violência
  • A violência decorre de um conjunto de determinantes individuais, relacionais, sociais e ambientais.
  • O recurso à violência nunca pode ser a resposta em situações de insatisfação com os serviços ou qualquer outra, devendo o direito à reclamação ser tratado em sede própria
  • A violência, incluindo a que ocorre no Setor da Saúde sobre os seus trabalhadores é considerada crime no âmbito do Código Penal.
  • É fundamental refletir sobre a violência nos diversos contextos de Saúde numa ótica de prevenção, mas assegurando, em caso da sua ocorrência, uma resposta efetiva, célere e ajustada às necessidades da vítima.
  • Deve ser atribuído a cada episódio de violência a máxima importância, assegurando que seja analisado de forma sistemática com base numa metodologia previamente definida.
  • As medidas a implementar devem abordar adequadamente os episódios de violência, apoiando as vítimas, mitigando as consequências da violência e prevenindo episódios futuros, intervindo sobre as suas causas.
  • As intervenções na área da violência no Setor da Saúde para produzirem melhores resultados devem ter um enquadramento nacional e regional, mas devem ser pensadas e implementadas em cada instituição e local de acordo com a especificidade do contexto.
  • Um contexto de qualidade, confiança e justiça contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.
  • Ambientes de trabalho seguros e saudáveis previnem situações de violência, aumentando a satisfação do trabalhador e resultando n serviço de melhor qualidade.

Os Compromissos

  • Compromisso das estruturas de gestão e envolvimento dos/as profissionais no apoio às tomadas de decisão;
  • Avaliação das condições de trabalho; Avaliação de riscos psicossociais;
  • Planeamento de ações e procedimentos de prevenção e gestão das situações de violência; Implementação de medidas de segurança;
  • Notificação sistemática das situações de violência ou de potencial violência;
  • Formação de trabalhadores, gestores e dirigentes sobre a violência societal e no local de trabalho;
  • Envolvimento do cidadão no apoio à tomada de decisão e como elemento facilitador da divulgação das iniciativas que visam a promoção da literacia, em especial da literacia em saúde, e da cidadania (por exemplo através das Comissões de utentes locais; Conselho da Comunidade etc…);

Os Objetivos

  • Conhecer e investigar o fenómeno da violência no Setor da Saúde;
  • Promover a identificação, a notificação e a análise dos casos de violência que ocorram no Setor da Saúde;
  • Definir e divulgar orientações para a prevenção e intervenção em relação à violência no Setor da Saúde;
  • Robustecer uma cultura de liderança e de gestão promotora do bem-estar no Setor da Saúde e preventiva da violência;
  • Reforçar a implementação de medidas no âmbito da Segurança e Saúde do Trabalho/Saúde Ocupacional no Setor da Saúde que sejam promotoras de bem-estar e preventivas da violência enquanto risco profissional;
  • Fomentar a criação de ambientes seguros e saudáveis no Setor da Saúde no que respeita a formas de relacionamento interpessoal, estruturas, organização trabalho, equipamentos e circuitos;
  • Avaliar e monitorizar o risco de violência no Setor da Saúde;
  • Implementar medidas de segurança, preventivas da violência;
  • Desenvolver respostas céleres e eficazes de cuidados de saúde e apoio psicossocial e jurídico em situações de violência;
  • Formar e capacitar os/as profissionais de saúde para abordar a violência no local de trabalho no Setor da Saúde;
  • Promover a literacia na sociedade no âmbito da cidadania, das relações interpessoais saudáveis em todos os contextos do Setor da Saúde;
  • Promover o envolvimento de toda a sociedade na procura de soluções éticas para o fenómeno da

As Medidas

  • Implementar o site do «Observatório para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde».
  • Reconfigurar plataforma de notificação de situações de violência no setor da saúde, promovendo a identificação, notificação e análise das situações de violência, melhorando a sua base tecnológica e ampliando a sua utilização em mobilidade.
  • Desenvolver/atualizar documentação técnica e normativa de referência sobre violência no setor da saúde.
  • Divulgar boas práticas organizacionais no site do «Observatório para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde».
  • Disponibilizar instrumentos de avaliação do risco de violência e outros relacionados com episódios de violência no setor da saúde.
  • Promover atividades de investigação para melhor conhecimento do fenómeno da violência no setor da saúde e adequação das estratégias de intervenção.
  • Construir e consolidar a rede de pontos focais a nível regional, institucional para a operacionalização do PAPVSS e suas medidas.
  • Dinamizar fóruns/reuniões técnicas, procurando mobilizar todas as partes interessadas (incluindo sociedade civil, ordens e associações profissionais e sindicatos, entre outras) com discussão de medidas operativas para a prevenção e abordagem da violência no setor da saúde.
  • Implementar atividades de literacia e de sensibilização junto da população numa estratégia de comunicação em torno da promoção de ambientes saudáveis e de uma cultura de «Não Violência» no setor da saúde.
  • Participar em eventos formativos e informativos sobre violência no setor da saúde, incluindo articulação com a comunicação social.
  • Desenvolver um programa de oficinas de cocriação na área da violência no setor da saúde.
  • Dinamizar atividades formativas para profissionais de saúde através de metodologia presencial, a distância e/ou outra na área da violência no setor da saúde.
  • Avaliar o risco de violência nos diversos serviços, no que respeita a equipamentos, estruturas e circuitos, com base em instrumentos específicos e de acordo com as boas práticas.
  • Implementar medidas de segurança nas instituições do Serviço Nacional de Saúde, com reforço nos locais sinalizados como de menor segurança.
  • Elaborar fluxogramas- tipo de atuação para prevenção de situações de violência no setor da saúde, para adaptação aos universos níveis regional, institucional e local.
  • Elaborar fluxogramas-tipo de atuação em situações de violência no setor da saúde, para adaptação aos diversos níveis regional, institucional e local.
  • Implementar e monitorizar circuitos de resposta clínica aos profissionais de saúde vítimas de violência no setor da saúde.
  • Implementar e apoiar o Serviço de Aconselhamento Psicológico para profissionais de saúde no SNS 24 — Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde, onde um dos focos de atuação são situações de violência no local de trabalho no setor da saúde.
  • Criar circuito de respostas regionais para o apoio jurídico a trabalhadores do setor da saúde que tenham sido vítimas de violência no local de trabalho.
  • Integrar a área da prevenção e intervenção na área da violência no setor da saúde nos diversos códigos de ética e de conduta das diferentes instituições de saúde, contemplando os diferentes tipos de violência.
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